A troca de tiros ocorreu por volta de 19h15 de terça-feira (27), na Rua Mário Davis Lerner, no Jardim Rio Branco. De acordo com o boletim de ocorrência (BO), obtido pelo g1, uma equipe policial realizava operação de combate ao tráfico de drogas na região e resolveu surpreender traficantes chegando a um ponto de venda por uma área de mata e mangue.
Como o local era de difícil acesso, os policiais solicitaram apoio de outras equipes, que foram em direção ao mesmo destino, mas pela rota normal. Segundo o BO, os traficantes se depararam com esses agentes e, por isso, tentaram fugir pela área de mata. Eles foram surpreendidos pela equipe que fazia a operação e passaram a disparar contra os policiais, que revidaram.
Após o tiroteio, os agentes resgataram cinco homens que estavam caídos no chão baleados e acionaram o socorro. Eles foram encaminhados para hospitais da cidade, mas quatro não resistiram. Apenas um suspeito, de 24 anos, sobreviveu e foi internado no Hospital do Vicentino, sob escolta policial.
Em nota, a Prefeitura de São Vicente informou que três dos homens atingidos foram encaminhados ao Pronto-Socorro do Rio Branco, mas morreram na chegada até a unidade. Os outros dois baleados foram atendidos no Hospital do Vicentino. Um deles foi levada para cirurgia e morreu no centro cirúrgico, enquanto a outra permanece internada na unidade.
No BO, as vítimas fatais foram identificadas como Peterson Souza Da Silva Xavier Nogueira (32 anos), Luiz Henrique Jurovitz Alves De Lima (18 anos), Kauê Henrique Diniz Batista (17 anos) e Marcus Vinícius Jurovitz De Lima (17 anos).
No local da troca de tiros, foram encontradas três armas de fogo e um carregador ao lado dos homens baleados. Já no ponto de venda de drogas, foram localizadas 68 porções de maconha, 55 pedras de substância aparentando ser crack e 77 porções de cocaína, separadas e embaladas para venda, além da quantia de R$ 729 em espécie e cinco aparelhos celulares.
Todo o material foi apreendido. O local não foi preservado devido à dificuldade de acesso, ficando prejudicado para perícia.
Uma testemunha, de 29 anos, também foi encontrada próximo ao ponto. O homem não tinha ferimentos e contou aos agentes que é usuário de drogas e estava na ‘biqueira’ para comprar entorpecentes, quando viu os traficantes correrem e também saiu correndo. Em seguida, ele contou ter ouvido os disparos e se jogado no mato.
O homem passou por revista pessoal, mas nada de ilícito foi encontrado. Ele foi levado para delegacia, mas logo liberado, pois estava mais afastado do local da troca de tiros e não havia provas da ligação com o tráfico.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), todos os casos de mortes em confronto são rigorosamente investigados pela Polícia Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e Poder Judiciário.
A Operação Verão foi estabelecida na Baixada Santista desde dezembro de 2023. No entanto, as 2ª e 3ª fases, que, respectivamente, contaram com reforço policial e instalação do gabinete de Segurança Pública em Santos, foram decretadas logo após os assassinatos do soldado PM Samuel Wesley Cosmo, no último dia 2, e do cabo José Silveira dos Santos, no dia 7 de fevereiro.
A atual fase da operação, inclusive, contou com a presença do gabinete da SSP-SP na região. A pasta esteve sediada na Baixada Santista durante 13 dias. As mortes dos suspeitos em confrontos com a polícia passaram a ser contabilizadas desde o último dia 7 deste mês.
Segundo a SSP, desde o início da Operação Verão, em 18 de dezembro, 797 criminosos foram presos, incluindo 301 procurados pela Justiça, e 562,4 quilos de drogas retiradas das ruas. Além disso, 86 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito, foram recolhidos. Todos os casos de mortes em confronto são investigados.
A Defensoria Pública de São Paulo, em conjunto com a Conectas Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog, pediu no último dia 16 à Organização das Nações Unidas (ONU) o fim da operação policial na região e a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo, em conjunto com entidades de segurança pública e proteção de direitos humanos, também denunciou à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado irregularidades nas abordagens de policiais durante a Operação Verão na Baixada Santista. Além das denúncias, o documento conta com uma série de recomendações aos órgãos públicos para que cessem as violações de direitos humanos praticadas pela polícia.